Ao longo dos séculos e nas mais diversas culturas, a condição feminina foi remetida para um plano que, além de secundário, se revelou, salvo raras excepções, de humilhante submissão.
No período medieval os agentes da igreja católica, influenciados por interpretações radicais do Antigo Testamento trataram de alegorar as mulheres como origem do mal e do pecado. A procriação associada ao pecado não poupou a maternidade, pelo que um dos grandes poderes da mulher, o acto de dar vida, ficou, à luz dessa interpretação dos evangelhos, desvirtuado. O próprio e normal desejo do homem era uma tentação do diabo e a mulher o veículo dessa tentação. O seu corpo emanava impureza e o homem crente da época negava-lhe, por efeito de tal mácula, a participação nos rituais sagrados excluindo-a dos palcos canónico e secular.
Hoje, embora a equidade do género não prevaleça totalmente nos cânones da religião católica, os católicos, já não professam nem se revêem nessas interpretações. Não obstante, a língua, como veículo de conhecimento, transmissão de ideias ou assimilação de culturas, ficou impregnada de expressões ultrajantes e pejorativas que reflectem ainda o estigma transportado pelas mulheres na contemporaneidade.
Tomemos como exemplo algumas palavras e expressões da língua portuguesa:
Cão – melhor amigo do homem
Cadela – puta
Vagabundo – homem que não trabalha
Vagabunda – puta
Touro – homem a quem a mulher foi infiel ou homem forte
Vaca – puta
Aventureiro – homem que se aventura
Aventureira – puta
Menino da rua – menino pobre
Menina da rua – puta
Homem da vida – homem experiente, mundano
Mulher da vida – puta
Puto – miúdo
Puta – puta
Esta análise, em jeito de brincadeira, ilustra bem o fardo que as mulheres ainda carregam. São reminiscências linguísticas que permanecem arreigadas na nossa cultura, produto de um machismo ancestral perpetuado até aos dias de hoje.
No período medieval os agentes da igreja católica, influenciados por interpretações radicais do Antigo Testamento trataram de alegorar as mulheres como origem do mal e do pecado. A procriação associada ao pecado não poupou a maternidade, pelo que um dos grandes poderes da mulher, o acto de dar vida, ficou, à luz dessa interpretação dos evangelhos, desvirtuado. O próprio e normal desejo do homem era uma tentação do diabo e a mulher o veículo dessa tentação. O seu corpo emanava impureza e o homem crente da época negava-lhe, por efeito de tal mácula, a participação nos rituais sagrados excluindo-a dos palcos canónico e secular.
Hoje, embora a equidade do género não prevaleça totalmente nos cânones da religião católica, os católicos, já não professam nem se revêem nessas interpretações. Não obstante, a língua, como veículo de conhecimento, transmissão de ideias ou assimilação de culturas, ficou impregnada de expressões ultrajantes e pejorativas que reflectem ainda o estigma transportado pelas mulheres na contemporaneidade.
Tomemos como exemplo algumas palavras e expressões da língua portuguesa:
Cão – melhor amigo do homem
Cadela – puta
Vagabundo – homem que não trabalha
Vagabunda – puta
Touro – homem a quem a mulher foi infiel ou homem forte
Vaca – puta
Aventureiro – homem que se aventura
Aventureira – puta
Menino da rua – menino pobre
Menina da rua – puta
Homem da vida – homem experiente, mundano
Mulher da vida – puta
Puto – miúdo
Puta – puta
Esta análise, em jeito de brincadeira, ilustra bem o fardo que as mulheres ainda carregam. São reminiscências linguísticas que permanecem arreigadas na nossa cultura, produto de um machismo ancestral perpetuado até aos dias de hoje.
B:»»
9 comentários:
Não brinque com coisas sérias! Ainda vão dizer que aqui o blogue necessita de uma cota masculina. :P
Cumprimentos
É caso para se dizer " Puta que Pariu"
lol..
Não concordo com cotas sexistas, porque isso é admitir que à partida um dos lados é coitadinho. É muito paternalista e não me parece que seja esse o objectivo do blogue.
Não me parece que denunciar o efeito que anos e anos de machismo produziram nas mentalidades, aliás evidente nas mais simples expressões da linguagem popular, possa descambar num atentado à dignidade masculina.
Senhor fulano tal, se considera que os homens deviam ter maior voz aqui no blogue, então, junte a sua à nossa voz, participando de forma mais empenhada na discussão do assunto. Por exemplo, quem são esses que 'ainda vão dizer...'?
Sr. pombo correio,
"Puta que pariu" o sistema de cotas ou a denúncia do machismo encapotado nos nossos hábitos linguísticos? Não percebi.
achadiça,
começo a achar graça a estas coisas dos berloques. Por onde andará a Riça que ficou de bico muito calado.
@Rosalinda
Estava a ser irónico. Não reparou?!
Também não concordo com cotas. Só se for no dia dos avós.
Cumprimentos
minha (nossa) querida amiga rosalinda, bons olhos a vejam, melhores abraços a apertem.
os homens são sempre bem vindos... mas agora damos preferência às mulheres, pois como sabe, ainda não conseguimos angariar outras prestações femininas para além da sua, que muito consideramos.
se excluirmos as incursões da solidária donadaprima temos que reconhecer um fracasso total nas nossas intenções de despertar para este meio as galinhas cá da terra. Receio que andem todas agrilhoadas a submissões machistas, temerosas que lhes acabe em casa o pouco milho que vão tendo, por via de algum descuido doméstico ou de algum cacarejar mais ousado.
galos e franganotes espevitados é coisa que por aí tem aparecido... tímidos a princípio, revelam agora atrevimentos que prometem, embora ainda apresentem desconfianças relativamente à fruta que aqui a galinhagem ostenta ou consome (depende do ponto de vista).
Pois rosalinda venha daí mais fruta, que desta salada alguma animação há-de resultar.
quanto à riça, está a recompor-se de perdas muito estranhas lá para os lados do Canas&Senhorins (é um berloque cá da terra)... um dia destes explico.
B:»»
Rosalinda
Fico honrada por ter reparado na minha breve ausência. Contrariamente à provocação da Achadiça, esclareço que as minhas ocupações se prendem mais com achados do que perdidos… encontrei na minha última leitura tal obsessão que o tempo que dispunha ao serviço deste berloque lhe é inteiramente dedicado. Se já leu “Alexandra Alpha” do JCP, decerto compreenderá o meu envolvimento.
O seu comentário é pertinente, se bem que não se aplica ao Sr. Fulano Tal, que é um bem disposto e não desperdiça uma oportunidade para a brincadeira… já lhe conheço o bico! O curioso é que sendo estes rapazes tão envolvidos e participativos nos berloques, se quedem no que toca a comungar destas gamelas com as companheiras…não os estou a ver ciosos nem misóginos. Então porque será que as mulheres não aparecem? E isto não é só um problema aqui do Mulherio. Existem cerca de 15 berloques canenses, porém só meia dúzia de galinhas é que se atrevem ou atreveram a esgadanhar. Será que a Achadiça tem razão ao afirmar que as galinhas andam tolhidas por efeito de alguma retaliação? Talvez apure o assunto numa próxima crónica. Até já.
Bons repenicos
Dona Achadiça e Dona Riça
Essa conversa dos homens submeterem as mulheres só pode ser brincadeira. As meninas podem muito bem ser as namoradas companheiras ou mulheres do Cingab, do Sr Fulano Tal, do Mineiro, do pombo correio, do pai mouro etc. etc.(minhas não são de certeza) Se calhar sem eles saberem! Isso é que era engraçado...
Quanto ao texto e ao invés do que afirma, a mulher ocidental e o seu corpo ganharam um estatuto próprio de impunidade social (ainda bem para as mulheres). Olhe o exemplo da AR da Madeira em que os homens não podem entrar de calções e t-shirt's mas as mulheres podem mostrar desafogadamente o seu corpo. Compare-se a quase obrigatoriedade do fato e gravata, como sinal de credibilidade, com a liberdade de indumentária feminina (o vestido pode ser ridículo mas não lhes tira credibilidade). Pode retirar-se daqui que o suposto machismo permite liberdades às mulheres que retira aos homens. Nunca vos ouvi reclamar destas assimetrias!
Contudo, concordo com o texto. Algumas expressões populares remetem para uma discriminação negativa da mulher, mas creio ser, à luz dos dias de hoje, reflexo condicionado da linguagem e não ofensa calculada.
Cumprimentos
Então Rosalinda já perdeste a vergonha? Não te esganices, que ficas presa nas redes do galinheiro. Beijoca
:D
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