segunda-feira, junho 16, 2008

Crónicas da Galinha Riça - Os mirins

Revoltaram-se os mirins porque, ao que parece, não têm “choco” para assegurar a reprodução da espécie. Ora, todos sabemos que esta espécie não tem habitat fixo, basta sairmos dos aglomerados populacionais para os vermos, sem razão aparente, deambular por esses campos fora de casa às costas. Preferem o ar livre e é em comunhão com a natureza que atingem altos índices de reprodução. Por isso, legítima ou não, estranhou-se a pretensão.
Com uma estrutura social rígida e um espírito gregário assinalável, organizam-se em clãs, unidades familiares mais ou menos estáveis, lideradas por elementos mais velhos e experientes que lhes ensinam nas caminhadas o verdadeiro sentido da palavra do Senhor, isto é, “crescei e multiplicai-vos”.
Para evitar o perigo da consanguinidade, estas pequenas famílias, intrinsecamente ligados por laços afectivos e cerimoniais, têm necessidade de interagir com outros clãs, pelo que se reúnem frequentemente em grandes agrupamentos, onde podem alargar as possibilidades de acasalamento e dar azo à sua propensão poligâmica sem correrem o risco de comprometerem a espécie ou corromperem a linhagem. Aliás, este comportamento está devidamente previsto no artigo 4º da lei mirim, o qual diz “O mirim é irmão dos demais mirins, independentemente da classe, ou credo a que o outro possa pertencer” (sic). Está assim, legalmente resolvido o problema de identidade que resulta do regabofe daqueles ajuntamentos, ou acampamentos, como alguns preferem chamar… são todos irmãos, não há cá filho deste, filho daquele ou filho da outra, pacificam-se assim as relações familiares entre os vários elementos da espécie. Mais à frente, no artigo 5º, a lei refere que o mirim também é amigo dos animais, artigo polémico que ainda hoje levanta alguma controvérsia no Conselho Jurisdicional Mirim. Não é à toa que usam a expressão “quando o pau bate na rocha quem se lixa é o lobito”… mas adiante, que isto são outras contas e eu já me estou a dispersar.
De facto, uma grande parte da simbologia mirim é indubitavelmente sexual, atentem ao lema “sempre alerta” (“be prepared” no original) - ora o que é que se pretende de um “zezinho” saudável, que esteja sempre pronto -, ou ao pau que habitualmente transportam, representação fálica da virilidade dos machos, ou à “promessa”, acompanhada pelo gesto atrevido de quatro dedinhos no ar, pelo menos quatro estão prometidas, essa é que é essa, ou à vaginiforme flor de lis, excessivamente clitórica, uma provocação aos sentidos menos “alertas”… e poderia ir por aí fora, a sua iconografia está cheia de pintelhices.
É precisamente esta predisposição sexual que preocupa e constrange os mandadores cá da terra que, perante o pedido persistente de uma incubadora, logo entreviram uma praga indesejável de mirins a todo o custo evitável.
David Attenborough, conceituado naturalista, instado a pronunciar-se sobre o quesito, alertou para o perigo que representa para o equilíbrio do sistema esta pretensão, salientando com preocupação a inexistência de predadores que possam travar o seu alto índice de reprodução - uma ameaça para os próprios e para as espécies que com eles convivem - concluiu.
Perante a evidência, toda a gente fez ouvidos moucos à azáfama reivindicativa dos mirins, ignorando os gritos lancinantes de alerta com que anunciaram a revolta. Só a autoridade eclesiástica se mostrou flexível. Incapaz de demover o ímpeto sexual dos sublevados e à revelia de orientações superiores, concedeu a excepcionalidade do uso de preservativo aos insurgentes, garantindo-lhes, também a estes, sinais de coito em local recatado, por sinal bem perto deste outro que ousou negar-lhes provimento.
Que mais posso dizer!? Bravos guerreiros de lenço e calção, perfilai-vos, que já vou no Freixieiro. Dos fracos não reza a História e promessas são para cumprir.

domingo, junho 15, 2008

Provocação 13


Quando uma mulher usa um vestido de cabedal, o coração do homem acelera, a garganta seca, os joelhos tremem e a cabeça começa a pensar irracionalmente...

- Já alguma vez se questionaram porquê?
- Porque cheira a carro nooooovo!!!