sexta-feira, março 09, 2007

Dia Internacional da Mulher

Passou mais um dia, igual a tantos outros, mas diferente, porque dedicado à mulher.
Em verdade, todos estes dias em que se evoca ou celebra qualquer coisa são maioritariamente ineficazes e roçam invariavelmente a hipocrisia. Relativamente ao Dia Internacional da Mulher, não duvido das boas intenções dos seus criadores ou das organizações que, aproveitando a data, alertam para os problemas directa ou indirectamente associados à referência que se comemora. O que me causa indiferença é a institucionalização generalizada de dias que celebram as mais disparatadas causas e os mais inusitados “objectos”, até por negação, como é o caso do Dia do Não Fumador e muitos outros de rebuscada inspiração. Nunca lhes descobri qualquer utilidade, a não ser um ligeiro reflexo da má consciência que nos toca a todos, por inércia ou comodismo, quando o assunto vem à baila.
As mulheres, todos sabemos, ainda são discriminadas, quer seja no acesso ao mundo do trabalho, a cargos, funções, à remuneração, etc. etc., e em determinadas países e culturas, privadas de direitos fundamentais, como o acesso à escola, a prática religiosa, o voto, o exercício da política, a auto-determinação.
Nunca são demais os esforços desenvolvidos para inverter essa tendência predominantemente masculina em subjugar a mulher e reduzir o seu estatuto social a mera procriadora. E, mesmo aí, alguns homens arvoram-se em detentores absolutos da ética e da moral para as limitar no exercício da livre escolha sobre si próprias. Disto se deu conta, em Portugal, na discussão que antecedeu a votação do referendo sobre a IVG. Vi muitos homens preocupados com a dignidade do feto, mas, por onde andam esses mesmos arautos da defesa da condição humana, quando as mulheres são manietadas, violadas, espancadas, apedrejadas, excisadas, traficadas, escravizadas etc. etc.?
Não quero fazer da mulher uma vítima nem do homem carrasco, mas não posso deixar de pensar que o poder sempre foi exclusivo dos homens e foram estes que, ao longo dos tempos, tentaram limitar por iniciativa, negligência ou temor o papel da mulher na sociedade.
Por todas as mulheres que lutaram e morreram na defesa dos seus legítimos direitos queiramos dedicar não um, mas 365 dias de merecida evocação. Para as que ainda lutam e que ainda sofrem de discriminação e de violência física e psíquica, todos os dias são dias da mulher. Façamos de cada um mais um passo na caminhada pela igualdade na diferença.

12 comentários:

Cingab disse...

A mulher já manda no Mundo... Em especial nos países mais desenvolvidos

Cristalinda disse...

Deve estar a falar da chanceler alemã ou da Condoleezza Rice ou das mulheres que nos países nórdicos já detêm alguma notoriedade política... agora mandar no mundo!? De qualquer das formas é ao nível das mentalidades que as grandes "reformas" se fazem e, neste caso, ao nível de muitas mentalidades machistas que ainda por cá se arrastam... empresários, Banca, etc. Então noutras culturas muito trabalho ainda há a fazer.
Boas minhocas

Cingab disse...

Dar o poder às mulheres é sinal de desenvolvimento!
Já para não falar do gene "Y" que tenderá, naturalmente, a desaparecer!

Cristalinda disse...

As mulheres, nos países ocidentais e a breve trecho, deterão maioritariamente o conhecimento. São elas que neste momento obtêm as melhores notas na faculdade e começam a ocupar lugares destacados nas várias profissões ditas liberais, bem como em áreas como a investigação e o ensino. Quanto à política, talvez porque incompatível com o exercício da maternidade e da dedicação familiar, ainda está longe de ser igualmente partilhada. Como poder e política andam de braço dado, seria no exercício desta que a presença feminina poderia trazer algo de novo e positivo para a humanidade. Não sou a favor de quotas para equilibrar essa ausência. Quero acreditar que o protagonismo social feminino venha tendencialmente a trazer mais mulheres para a política. Seria mto positivo.

Catharina disse...

Um bem haja a todas as mulheres !

devaneio disse...

Coisas lindas se escrevem. Mas a realidade é outra. As mulheres são efectivamente diferentes dos homens. Basta serem ciclicas, e que esses ciclos influenciam o funcionamento do seu organismo, bastante visível a nível do humor.Não quer dizer que seja pior, mas é diferente, e que portanto homem e mulher se completam. Eu continuo a preferir as mulheres, e reconheço que este mundo sem elas seria um deserto totalmente agreste

Achadiça disse...

Não fossem os humores cíclicos da mulher e o menino não estava cá para se permitir a devaneios...
Bem vindo e boas bicadas

picador disse...

Ainda há dias importantes, não esqueçam já dia 19 - O dia do Pai

Cristalinda disse...

Devaneio
Leia atentamente o último parágrafo..."igualdade na diferença".
Claro que somos diferentes, mas é exactamente nessa diferença que devem ser salvaguardados os direitos de igualdade.
Boas minhocas

miau disse...

concordo com o cingab: " A mulher já manda no mundo".É a partir da sensibilidade femenina e única que está presente em tudo,até na politica, mesmo que na sombra do homem que dela precisa. A diferença é notória e ainda bem, é essa diferença que faz da mulher um ser intelectualmente forte e ambicioso!

Cingab disse...

Bem!... se vamos falar de intlecto aí já não sei!...
Ainda me vão chamar nomes!... lol

Cristalinda disse...

O que está em causa não é a inteligência ou o conhecimento ou a influência... o que está em causa é quem exerce o poder e o manifesto alheamento dos seus agentes para os problemas que afectam as mulheres e que estão na razão directa do controlo político, económico e cultural das sociedades. E esse poder é exclusivo dos homens. E quase sempre são os menos inteligentes que têm as rédeas do poder :).