A linhagem está em perigo. Uma das galinhas-mor que, contrariando tendências, usurpa de poleiro considerável, foi, alegadamente, alvo de uma bicada insidiosa por parte de um correligionário atrevido. No calor da disputa pelo poleiro, à galinha Maria José de nada lhe valeu o apelido Pinto. O agressor não se deixou comover por referências infantis e arrancou-lhe umas quantas penas, tal foi a violência do confronto. E logo das mais lustrosas. As da dignidade.
Parece ter havido tamanha escaramuça naquele galinheiro que muitos dos galináceos residentes, independentemente dos privilégios que dispõem, ameaçam abandonar o prostíbulo. Embora poucos, ou talvez por isso, demonstram um forte sentido de competição por posições altaneiras na capoeira, até agora liderada por um galo de fraca competência, facto que abriu “portas” a outros voos rapineiros.
Esta herança competitiva ficou-lhes do nacionalismo expansionista aquando da domesticação do território, bandeira de que ainda hoje se orgulham e da qual julgam ser os verdadeiros herdeiros. Saudosos de questiúnculas monárquicas a propósito de direitos sucessórios ao trono, bastou o galo Portas, que alguns apelidam de “raposa”, voltar a abanar a cauda e desatou tudo a espavonear-se desenfreadamente, reformulando posições e alianças internas no intuito de melhor se servirem da gamela.
Veio em sua defesa, o suposto agressor, declarar que tudo não passou de uma questão de colorido. As suas penas não eram da mesma cor que as da ofendida e daí a razão da escaramuça - se eu não tivesse estas penas nada disto tinha acontecido – declarou, expondo o seu penar. Logo se gerou uma confusão de argumentos e insinuações que descambaram numa trapalhada com contornos racistas.
A linhagem desta família assegura aos seus membros um colorido generoso e as múltiplas colorações que detêm são comummente objecto de disputas preferenciais. Ou não fosse este galinheiro de direita, reduto de algumas tradições aristocratas pouco recomendáveis. Ora, segundo a linha que eles próprios advogam, as variantes cromáticas podem perfeitamente favorecer a natureza de determinado exemplar, em detrimento de outros cuja penugem se evidencie menos brilhante. Então se for monocromática e em tons pouco comuns ao género, o exemplar certamente não corresponde à linha genética desta família, circunstância que por certo pesou no desaguisado.
O que não entendo é a presença permitida daquele exemplar duvidoso no seio daquela família. Então tantos anos de afinação genealógica de tão dignos membros não foram suficientes para acautelar misturas inconvenientes? Andou o Mouzinho de Albuquerque na sua campanha por terras de África, a apurar a espécie livrando-os de gungunhanas e outros bijagós, para agora serem aviltados por infiltrações de elementos de ascendência suspeita e outros que, embora de casta aceitável, revelam comportamentos injustificáveis. Ele é o raposa Portas, habilidoso palaciano; ele é um tal galaró Monteiro, doninha destemperada; e agora, para cúmulo, um servo, aio da raposa, acaba por comprometer seriamente a linhagem familiar e corromper irreversivelmente a estirpe. Hilariante.
Quanto a este elemento destabilizador parece que houve negligência grosseira aquando da apreciação do seu processo de admissão. Foi-lhe concedido o benefício da dúvida por ter alegado que um seu antepassado pertenceu ao bando de saqueadores liderado por Viriato, estatuto que, após o Estado Novo ter reescrito a história e atribuído a Viriato honras de general, lhe conferiu de imediato acesso a posição privilegiada. Tal suposição carece de confirmação, mas desde já indicia falhas graves de recrutamento que, a bem do grupo familiar, convém corrigir.
Ainda assim, folgo saber que a galinha-mor optou pelo silêncio, resguardando-se da vergonha que a contenda prometia. No entanto, pondera renegar a família, gesto assaz curioso para quem, como ela, sabe que o suposto agressor sabe aquilo que ela sabe que ele sabe.
Bons repenicos
Parece ter havido tamanha escaramuça naquele galinheiro que muitos dos galináceos residentes, independentemente dos privilégios que dispõem, ameaçam abandonar o prostíbulo. Embora poucos, ou talvez por isso, demonstram um forte sentido de competição por posições altaneiras na capoeira, até agora liderada por um galo de fraca competência, facto que abriu “portas” a outros voos rapineiros.
Esta herança competitiva ficou-lhes do nacionalismo expansionista aquando da domesticação do território, bandeira de que ainda hoje se orgulham e da qual julgam ser os verdadeiros herdeiros. Saudosos de questiúnculas monárquicas a propósito de direitos sucessórios ao trono, bastou o galo Portas, que alguns apelidam de “raposa”, voltar a abanar a cauda e desatou tudo a espavonear-se desenfreadamente, reformulando posições e alianças internas no intuito de melhor se servirem da gamela.
Veio em sua defesa, o suposto agressor, declarar que tudo não passou de uma questão de colorido. As suas penas não eram da mesma cor que as da ofendida e daí a razão da escaramuça - se eu não tivesse estas penas nada disto tinha acontecido – declarou, expondo o seu penar. Logo se gerou uma confusão de argumentos e insinuações que descambaram numa trapalhada com contornos racistas.
A linhagem desta família assegura aos seus membros um colorido generoso e as múltiplas colorações que detêm são comummente objecto de disputas preferenciais. Ou não fosse este galinheiro de direita, reduto de algumas tradições aristocratas pouco recomendáveis. Ora, segundo a linha que eles próprios advogam, as variantes cromáticas podem perfeitamente favorecer a natureza de determinado exemplar, em detrimento de outros cuja penugem se evidencie menos brilhante. Então se for monocromática e em tons pouco comuns ao género, o exemplar certamente não corresponde à linha genética desta família, circunstância que por certo pesou no desaguisado.
O que não entendo é a presença permitida daquele exemplar duvidoso no seio daquela família. Então tantos anos de afinação genealógica de tão dignos membros não foram suficientes para acautelar misturas inconvenientes? Andou o Mouzinho de Albuquerque na sua campanha por terras de África, a apurar a espécie livrando-os de gungunhanas e outros bijagós, para agora serem aviltados por infiltrações de elementos de ascendência suspeita e outros que, embora de casta aceitável, revelam comportamentos injustificáveis. Ele é o raposa Portas, habilidoso palaciano; ele é um tal galaró Monteiro, doninha destemperada; e agora, para cúmulo, um servo, aio da raposa, acaba por comprometer seriamente a linhagem familiar e corromper irreversivelmente a estirpe. Hilariante.
Quanto a este elemento destabilizador parece que houve negligência grosseira aquando da apreciação do seu processo de admissão. Foi-lhe concedido o benefício da dúvida por ter alegado que um seu antepassado pertenceu ao bando de saqueadores liderado por Viriato, estatuto que, após o Estado Novo ter reescrito a história e atribuído a Viriato honras de general, lhe conferiu de imediato acesso a posição privilegiada. Tal suposição carece de confirmação, mas desde já indicia falhas graves de recrutamento que, a bem do grupo familiar, convém corrigir.
Ainda assim, folgo saber que a galinha-mor optou pelo silêncio, resguardando-se da vergonha que a contenda prometia. No entanto, pondera renegar a família, gesto assaz curioso para quem, como ela, sabe que o suposto agressor sabe aquilo que ela sabe que ele sabe.
Bons repenicos
7 comentários:
Parece que ninguém quer meter o bedelho neste galinheiro que tu glosaste. Porque será?
@Achadiça,
Eu venho por aqui!... Só não comento por ser muito à frente... Um gajo limitado como eu não consegue comentar nada!
Então Cingab, onde foi buscar agora essa limitação... tirando o jeito para as quadras a sua participação é sempre interessante.
Não lhe ocorre dizer nada a propósito desta família... nem do descendente do Viriato, segundo a Riça um saqueador (o Viriato, não o descendente). Bem, quem sabe se também não lhe ficou o jeito (ao descendente, não a si, bem entendido).
O menino (permita-me o trato carinhoso) já o referiu numa das suas bicadas, noutro contexto mas igualmente acintoso.
Bique sempre, fino ou normal, bique laranja ou bique cristal. No seu caso deve ser mais laranja... vermelho é que nunca. Bem, só se for a escrever sobre futebol não é?
Boas bicadas
os melhores comentários do Cingab neste blog costumam ser aqueles que ele diz
"lol"
Por isso aqui não é de esperar muito...
@Achadiça,
EU sou vermelho e amarelo, pelo menos naquilo que você quiz dizer com as cores!...
Quanto a este blogue ando muito à frente, passam-me coisas ao lado... Por exemplo, ainda ninguém me explicou aquela coisa do Delfim
@Tomahock,
Sempre a puxarem por mim... lol
lol
lol
Ó Cingab então não se apercebeu que foi a Riça que exagerou outra vez a dose do Prozac. Sei lá quem é o Delfim. Se calhar nem ela...
Boas bicadas
PS. Vermelho e amarelo não é partido é missão (lol)
Missão também não!... Mas anda lá perto!...
Não!... A Riça quando escreve tem algo em mente...
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