quarta-feira, junho 13, 2007

Meu triste Sto. António

Dia de Santo António, santo pela palavra e pelo exemplo, também por saber falar com peixes. É um santo casamenteiro. E que o diga eu que à conta dele me casei por uma data de anos.
Como santo popular, dá-nos o pretexto para continuarmos a ser populares e então lá vamos nós besuntar-nos de sardinhas, mesmo que o preço não seja popular, e de vinho, claro, à moda do português, onde vai um copo vão logo dois ou três. E com isto entramos nas rimas, nas flores de papel, na marcha costumeira deste povo que cheira a sardinha e a vinho.
Ó meu santo Antoninho, como dizia o José Mário Branco, porque te deram essa sina de casamenteiro. Logo a ti que só me tens proporcionado desgostos.
Contigo amei, contigo perdi. Contigo continuo a perder. Hoje, por exemplo, perdi mais uma das poucas esperanças que tinha. E tu deixaste-me só. Obrigada santo António de Lisboa, hoje foi um dia memorável, mais um daqueles em que nos apercebemos que estamos sós, completamente sós. Não achas santo António que é hora de desmascarar tudo isto? Que sabes tu do amor, sem ser do amor a Deus? Que salvação encontraste tu, ou te atribuíram, para que permaneças santo ao longo dos séculos e mesmo assim possas ser pretexto para as mais mundanas inutilidades. É assim tão em vão a vida dos santos? Apenas mais uma forma de gerar negócio, nem que seja à custa da sardinha com três dias a um preço exorbitante para encobrir o cheiro.
Santo António deixaste de dar-me o que quer que fosse. Mas ensinaste-me que a vida não é tão simples como a dos peixes.

Boas minhocas

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