terça-feira, maio 23, 2006

Fujam! Vem aí o Mundial

Vem aí o mundial de futebol e com ele um autêntico vendaval doméstico. Alteração de horários, altercações e clamores pouco habituais, amigos porta dentro à última hora sem o conveniente pré aviso, cerveja a rodos, fumo de tabaco nas entranhas dos armários, eu de sorriso condescendente, em atavios menos próprios, disfarçando a ausência do banho com respingos apressados de perfume, a gata que se refugia dentro da máquina de lavar, a vistoria apressada à casa de banho, não tenha a pressa matinal deixado vestígios menos próprios, a chouriça e os amendoins, o bagaço para assar a puta da chouriça, o pão que não chega, a lufa-lufa para o ir buscar, já agora jantam cá, aproveita e compra uma garrafita de whisky sussurra-me o meu juvenal, o juvenal que se desfaz em mimos para com os amigos, os abraços e as falsas preocupações dele para comigo, não vá eu desatinar, os sofás, lavadinhos na semana passada, vítimas dos descuidos próprios de quem não sabe o que é lavar sofás, a televisão em altos berros, palavrões descuidados e o olhar indulgente do meu Juvenal em desculpas silenciosas, o telefone a tocar, atende aí sff, é para ti, agora não posso, agora não pode está a ver a bola, ó achadissa era preciso dizer que estava a ver a bola, quem era, era o pratas, é pá põe mais um prato que eu vou telefonar-lhe, mais um prato, a gata que entretanto foi para o quintal rondar o entrecosto, o carvão que teima em pegar, o meu telemóvel, a minha mãe, as queixas habituais, o pai, a ciática, a vizinha, porra o óleo na frigideira, a saia que é travada e imprópria para correrias, o tapete que escorrega, não obstante já ter pedido mil vezes ao Juvenal que lhe ponha uns autocolantes, o golo histericamente festejado, mais cerveja, a campainha da porta, entra pratas, intervalo, recomeço, mais impropérios, duas visitas do Juvenal ao grelhador para aliviar a consciência, estamos empatados comunica-me, faz-me o relato digo-lhe eu, sorriso amarelo, não soubesse ele que a minha ironia não augura nada de bom, fim do jogo, jantar na mesa, o árbitro, aquele falhanço, dois fora de jogo mal assinalados, o treinador, podia ser pior, o empate não está mal, batatas fritas com entrecosto, devorados em dez minutos que outro jogo se avisa na tv, sozinhas na cozinha eu e a gata, sozinha na cozinha a gata, que eu, tomei banho, peguei no carro e rumei porta fora, não sem antes deixar recado, bem alto, para todos ouvirem – vou sair, quero tudo lavado e arrumado quando chegar, agora sim, estamos empatados.

B:»

4 comentários:

PortugaSuave disse...

Tenho que falar com o Pratas

Cingab disse...

Este post vai contra a iniciativa da "mais bela bandeira"

Achadiça disse...

bandeiras cá em casa só as do movimento, MRMCS, bem entendido.

PortugaSuave disse...

Então os tratados??????