quarta-feira, abril 12, 2006

Crónicas da Galinha Riça - A história do nosso Sargento-Ajudante

Eu já sabia desta história. Uma vez que o assunto é público já a posso contar.
Partiu cedo de Canas, este frango, em busca de outros voos bélicos. Em franganote, estava incumbido de tocar o sino a rebate de cada vez que a populaça, transida pela emoção de batalhas concelhias, sabotava linhas de comboio, estradas e pontes. Ficava em tal estado de excitação que corria velozmente desde a igreja até às quatro-esquinas, atalhando pela quelha da Igreja, em menos de 30 segundos. Chegado lá gritava ofegante - Eles vêm aí! Eles vêm aí!. Depois arrancava outra correria até ao cruzamento para Vale de Madeiros e por lá ficava, numa ânsia expectante, só comparada à da galinha L. quando aguarda a fanfarra dos bombeiros integrada na procissão de Nossa Senhora das Dores. Mas quem? Questionava-se a tradicional plateia, que entre finos e boatos, cuscava numa das esquinas, junto ao café. Vêm aí os de Nelas? Não. Deve ser o corpo de intervenção, diziam os mais bem informados. Assim era. O aprendiz de sargento, desvairava com aqueles homenzarrões munidos, no rigor da farda, por escudos, viseiras, cinturões, armas e outros apetrechos belicosos, que na sua desarranjada sexualidade de adolescente, despertavam nele tumefacções volumosas que aliviava em supremo êxtase, mata adentro, descascando a banana ao ritmo do tropel militar e camuflado pelas densas mimosas que ornamentavam a estrada. Assim foi determinada a virilidade deste franganote.
Mas, com o decorrer do tempo, a luta de Canas caiu em letargia e o corpo de intervenção não aparecia com a regularidade que ele desejava. Carecendo o rapaz das suas fantasias, valeu-lhe ser chamado a cumprir serviço militar lá para os lados de Santarém, se não estou em erro. Com tanta devoção por fardas e armas conseguiu ludibriar os testes psicotécnicos, que não detectaram qualquer incompatibilidade para o exercício de técnico de armamento. Fez a recruta e foi destacado para o Regimento de Infantaria 14 em Viseu ficando responsável pela secção de armamento. Nunca as armas, naquele regimento andaram tão lustrosas e oleadas como naquele tempo - untadas a preceito pelo “Canas” – rejubilava o Comandante, que nutria põe ele elevada estima. Chegou rapidamente a sargento-ajudante, promovido por mérito da sua dedicação à limpeza das armas.
Creio que foi por essa altura que decidiu casar. A vida corria bem, o ordenado era satisfatório e agora, que tinha os seus amores devidamente aprumados e disponíveis lá na secção, não via nenhum inconveniente em arranjar mulher. Mas, aquilo de casar veio a revelar-se um problema que ele não equacionou. A mulher ornamentava-se, insinuava-se, dispunha-se mas a pistola nada. Nem um disparo, para desconsolo da infeliz. Não pode ser – pensou ele – vou trazer uma das minhas amigas lá da secção e vamos a ver se o gatilho funciona ou não funciona! Se o pensou melhor o fez. Primeiro uma mauser, depois uma G3, depois umas munições, que só de vê-las lhe arregaçava o pirolito, e por aí fora. A mulher reclamava que se sentia ameaçada por tanta arma à volta dela mas como o desempenho se mantinha aceitável optou por calar aquela anormalidade e assim foram vivendo sem sobressaltos.
Todos sabemos que a felicidade não dura sempre, e a do sargento-ajudante finou-se-lhe numa segunda-feira de manhã. O comandante chamou-o ao gabinete e perguntou-lhe desconfiado:
- Ò Canas como é que tu trazes as armas tão bem oleadas se o óleo encomendado para o efeito está todo no armazém?
Embatocou o sargento. Ainda alegou que o fazia com parcimónia, que não era preciso tanto óleo, mas o comandante, incrédulo não foi em parcimónias. Mandou instaurar um processo de averiguações para que se apurasse a verdade dos factos - ora se as armas estavam tão bem conservadas e não tinha sido com o óleo apropriado, mandem analisar que produto é que traz as armas tão bem lubrificadas.
Foram retiradas às armas amostras aleatórias do produto e enviadas para laboratório. O resultado chegou dois dias depois.
- Então o que temos aí? – perguntou o comandante.
- Esperma!
- Esperma! - vociferou o comandante – esperma!
- Sim meu comandante. Esperma – respondeu o instrutor do processo.
Podia ter sido pior. O comandante atendendo ao ridículo da situação e à quebra disciplinar que daí podia advir, já tinha visto levantamentos de rancho por muito menos, abafou o caso e obrigou o sargento-ajudante a meter uma licença sem vencimento de longa duração.
O nosso rapaz, embaraçado com toda esta situação, decidiu emigrar para os EUA, deixando contudo os despojos da sua sexualidade em casa da sogra, de onde foram hoje retirados pela sempre atenta brigada anti-sexo. Mas isto já vocês sabem.

Bons repenicos

2 comentários:

Brain disse...

eheh

LOL

Pombo correio disse...

Ainda bém que dei tiros noutro destacamento!!!

lololol