Desde que o galo Luísio subiu ao poleiro a capoeira anda muito mais animada. Não tanto pelas bicadas que o dito distribui pelas meninas cá do galinheiro, pois nessa matéria anda muita galinha descorçoada. Eu própria já levei umas galadelas e posso dizer-vos que não valeram as penas perdidas. O que encanta mesmo as meninas é o seu porte sensual e o seu fôlego para o canto. Habituado desde tenro frango a bicar em galinha alheia ganhou nessa prática a popularidade que detém e o talento de cantar e encantar (dons que muito mais tarde foram literalmente aproveitados para inspirar o nome de um grupo de aspirantes à arte do belo canto o que já lhes valeu algumas saídas precárias aqui da capoeira – mas dessas aves falarei em outra crónica).
De frango canoro a galo dominante foi menos de um ovo. A propósito da retoma do quintal, uma reivindicação antiga mas sempre na crista da onda, arregaçou as penas, tomou as rédeas entre as esporas, desacreditou outros galos concorrentes e, num golpe de asa diplomático congregou o apoio dos residentes e trepou engalanado ao poleiro.
Aparentemente, todo o galinheiro, incluindo aqui a vossa cronista, comungava deste projecto, que consistia na apropriação do quintal para nosso belo prazer: Invocava-se o passado histórico, pois os nossos tetravôs já tinham vivido orgulhosos num; a vantagem da vida ao ar livre; a humilhação a que éramos diariamente sujeitos por perus, patos, gansos e outras raças domésticas que se pavoneavam livremente pelo quintal usufruindo e desfrutando de minhocas, bichos de conta, e outras dádivas da natureza, que nós, confinados ao exíguo espaço da capoeira, não tínhamos acesso.
Entre as várias regalias que a recuperação do quintal entrevia, vislumbrava-se a possibilidade de construir sob os escombros do actual galinheiro um moderno aviário. Falava-se das vantagens do farelo racionado, evitando assim as habituais refregas pelo melhor posicionamento à gamela; da presença de elementos radioactivos em algumas zonas da capoeira, que nos estragavam as moelas e quiçá as posturas; da água canalizada e melhores condições de higiene; de uma creche para os pintos, com música de fundo; do futuro das gerações vindouras, que assim, podiam aspirar a produto de qualidade e serem expostas no Ecomarché e não no mercado ou na feira cá da zona, e que, mesmo o inconveniente da perda de identidade, própria destes centros, poderia lograr alcançar a desejada galinocracia – esta uma observação do galo Minhosio, numa alusão directa à cartilha Maoísta, cujos ideais são curiosamente perfilhados por alguns frangos alvoroçados cá da capoeira.
Eu, galinha velha, ainda cacarejei sobre a falta de privacidade, o stress, o pérfido destino da população desses grandes centros…, mas debalde! Alguns galos proeminentes até manifestaram alguma exitação, mas, por incapacidade beligerante, inaptidão genital ou conformismo galináceo, acobardaram-se, meteram a cabeça debaixo da asa e cederam assim ao galo Luísio o controlo de toda a capoeira e a liderança do MRQ (Movimento de Restauração do Quintal).
Bons repenicos
De frango canoro a galo dominante foi menos de um ovo. A propósito da retoma do quintal, uma reivindicação antiga mas sempre na crista da onda, arregaçou as penas, tomou as rédeas entre as esporas, desacreditou outros galos concorrentes e, num golpe de asa diplomático congregou o apoio dos residentes e trepou engalanado ao poleiro.
Aparentemente, todo o galinheiro, incluindo aqui a vossa cronista, comungava deste projecto, que consistia na apropriação do quintal para nosso belo prazer: Invocava-se o passado histórico, pois os nossos tetravôs já tinham vivido orgulhosos num; a vantagem da vida ao ar livre; a humilhação a que éramos diariamente sujeitos por perus, patos, gansos e outras raças domésticas que se pavoneavam livremente pelo quintal usufruindo e desfrutando de minhocas, bichos de conta, e outras dádivas da natureza, que nós, confinados ao exíguo espaço da capoeira, não tínhamos acesso.
Entre as várias regalias que a recuperação do quintal entrevia, vislumbrava-se a possibilidade de construir sob os escombros do actual galinheiro um moderno aviário. Falava-se das vantagens do farelo racionado, evitando assim as habituais refregas pelo melhor posicionamento à gamela; da presença de elementos radioactivos em algumas zonas da capoeira, que nos estragavam as moelas e quiçá as posturas; da água canalizada e melhores condições de higiene; de uma creche para os pintos, com música de fundo; do futuro das gerações vindouras, que assim, podiam aspirar a produto de qualidade e serem expostas no Ecomarché e não no mercado ou na feira cá da zona, e que, mesmo o inconveniente da perda de identidade, própria destes centros, poderia lograr alcançar a desejada galinocracia – esta uma observação do galo Minhosio, numa alusão directa à cartilha Maoísta, cujos ideais são curiosamente perfilhados por alguns frangos alvoroçados cá da capoeira.
Eu, galinha velha, ainda cacarejei sobre a falta de privacidade, o stress, o pérfido destino da população desses grandes centros…, mas debalde! Alguns galos proeminentes até manifestaram alguma exitação, mas, por incapacidade beligerante, inaptidão genital ou conformismo galináceo, acobardaram-se, meteram a cabeça debaixo da asa e cederam assim ao galo Luísio o controlo de toda a capoeira e a liderança do MRQ (Movimento de Restauração do Quintal).
Bons repenicos
8 comentários:
Gostei. Aguardo novas crónicas. Já agora se tiver curiosidade visite o meu blog em http://portugasuaves.blogspot.com/
Acho que sou o seu primeiro comentador. Espero que as mulheres de Canas participem e não se deixem intimidar pelo estética jocosa do seu blog. Parabéns.
LOL, realmente já fazia falta um blog canense feminino!
Obrigada pela visita cá ao capoeiro.Também já fui ao seu. Se eu soubesse tinha mandado umas tantas franganitas recebê-lo condignamente...não sei se me faço entender. Olhe que elas até agradeciam... com a falta de milho que para aqui vai não olham a meios nem a cristas. Adiante. Para a próxima providenciarei uma boa cabidela.
Volte sempre e traga a sua, como hei-de dizer...franga.
Boas bicadas
não, mas o avatar!...
Bem vinda à esfera canense. :P
Sou galinha entradota e do campo. O acesso a estas tecnologias e terminologias modernas só agora me foram autorizadas pelo galo meu marido, que me proibiu logo de consultar galinheiros suspeitos... até arranjou uma rede especial para eu não aceder aos ditos. De pouco lhe valeu, a ele e a muitos outros que vivem felizes na ignorância do seu cantar. Cá me safei, até já tenho um galo americano que me tecla a canção do bandido em inglês...psico chiken ou coisa assim...não aprendi inglês mas soa-me muito bem aquele cantar de galo. Bem, mas isto tudo para dizer que não percebo essa coisa do avatar. Se calhar está a tratar-me bem e eu não entendo. Se fosse aviar ou atracar ainda me eriçavam algumas penas, agora avatar...ainda tenho esperança que se tenha enganado, do género, onde digo digo não digo digo, digo diogo. Prontos, disponha que o galo meu marido anda cego com esta coisa do benfica andar numa taça qualquer que agora não me lembra o nome.
Boas bicadas
vem vinda
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