sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Diálogos crispados, no bar


- Fui corrido.
- Assim, sem mais nem menos!
- Sim, fria e decididamente.
- Então e porquê, alguma razão em especial?
- Acho que vocês quando nos põem a andar têm sempre razão, mas o importante no meu caso não é tanto a razão, é a atitude.
- Pois, ninguém gosta de ser corrido sejam quais forem as razões, mas olha que entre uns cornos e uns patins, sempre são preferíveis uns patins, com alguma destreza podes descrever uma curva larga e voltar ao ponto de partida…
- Sim, mas isso é quando somos namorados, aí a sensação de ruptura é mais atenuada, cada um para seu lado e até ver… agora quando o dia a dia é partilhado, cama, hábitos, projectos, o amor tranquilamente instalado… aí o mundo fica do avesso.
- Tem calma, nestas coisas do amor nada é definitivo.
- Mas eu detesto abanões, a relação nunca mais é a mesma, é como as paredes quando abrem fissuras, podem tapar-se mas a estrutura fica irremediavelmente afectada.
- Olha que há muitas relações que envelhecem com desmoronamentos e reconstruções… deita mas é mãos à obra antes que apareça algum construtor a querer escorar a parede…
- Essa é boa. Ela destrói e eu é que tenho que reconstruir! Bem, não é que eu não queira, o orgulho é que não me deixa.
- Mas vais ter que fazer alguma coisa.
- Pois.
(pausa)
- Então e de resto, como tens andado?
- A sopa, broa e azeitonas.

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