Já ia longa a noite, mas o gin-tónico inebriava-me os sentidos e estimulava-me a vontade. Não dei conta do tempo passar e, quando a música acabou fiquei suspensa na última nota – frenética.
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O bengaleiro abarrotava numa fila vagarosa e interminável. As trocas de mimos, os olhares furtivos, os abraços, os beijos, o brilho no olhar de quem engatou, o inconformismo de quem não engatou, o olhar baço de quem bebeu para além do limite… enfim, eram tantos e tão diversos os estados de alma naquela fila de fim de noite que me entretive a especular sobre aquela amálgama de expressões.
À minha frente duas raparigas entreolhavam-se com excessiva ternura. Suspendi a respiração. Só eu reparava nos afectos que trocavam. Olhar incandescente, leves manifestações de carinho. Olhei em volta mas só eu testemunhava aquele namoro. Elas, indiferentes a tudo e a todos, não mostravam qualquer inibição. Eu, que já tive o meu quinhão de urbanidade e deveria encarar o facto com alguma normalidade, não consegui evitar alguma surpresa. Dei comigo a pensar: E se esta cena se passasse em Canas, ou noutra vila qualquer… bem, provavelmente no bairro delas também não conseguem ter este “à vontade”. Isto só acontece porque ninguém as conhece, caso contrário não se sentiriam tão desinibidas. É que por mais que aceitemos, por mais casos conhecidos deste particular amor entre amigos ou amigas comuns, a exposição pública da homossexualidade, mesmo que traduzida na inocência de um simples carinho, continua a ser objecto instintivo de repulsa pública. Vem ao de cima a tradicional moral dos costumes com a respectiva chacota atrelada, isto quando não resvala para a provocação ou para outros comportamentos ofensivos.
Dei comigo a pensar nisto e a criticar-me por mostrar surpresa. Afinal também eu estou, ainda que inconscientemente, arreigada à pseudo-moral institucionalizada.
B~~
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O bengaleiro abarrotava numa fila vagarosa e interminável. As trocas de mimos, os olhares furtivos, os abraços, os beijos, o brilho no olhar de quem engatou, o inconformismo de quem não engatou, o olhar baço de quem bebeu para além do limite… enfim, eram tantos e tão diversos os estados de alma naquela fila de fim de noite que me entretive a especular sobre aquela amálgama de expressões.
À minha frente duas raparigas entreolhavam-se com excessiva ternura. Suspendi a respiração. Só eu reparava nos afectos que trocavam. Olhar incandescente, leves manifestações de carinho. Olhei em volta mas só eu testemunhava aquele namoro. Elas, indiferentes a tudo e a todos, não mostravam qualquer inibição. Eu, que já tive o meu quinhão de urbanidade e deveria encarar o facto com alguma normalidade, não consegui evitar alguma surpresa. Dei comigo a pensar: E se esta cena se passasse em Canas, ou noutra vila qualquer… bem, provavelmente no bairro delas também não conseguem ter este “à vontade”. Isto só acontece porque ninguém as conhece, caso contrário não se sentiriam tão desinibidas. É que por mais que aceitemos, por mais casos conhecidos deste particular amor entre amigos ou amigas comuns, a exposição pública da homossexualidade, mesmo que traduzida na inocência de um simples carinho, continua a ser objecto instintivo de repulsa pública. Vem ao de cima a tradicional moral dos costumes com a respectiva chacota atrelada, isto quando não resvala para a provocação ou para outros comportamentos ofensivos.
Dei comigo a pensar nisto e a criticar-me por mostrar surpresa. Afinal também eu estou, ainda que inconscientemente, arreigada à pseudo-moral institucionalizada.
B~~
9 comentários:
Isto cada vez está melhor. :D
Vou ser honesto. A mim faz-me mais confusão ver dois homens a trocarem carícias do que duas mulheres. Aliás, até corro o risco de dizer que duas mulheres a trocarem carícias preenchem o imaginários sexual de muitos homens... não sei se se passa o mesmo com as mulheres relativamente aos homens!!! se achar por bem comentar gostava de saber a sua opinião
Cumprimentos
nós é mais romance portuga... é o romance que nos preenche. acho eu. vamos ver se a cris tem a mesma opinião.
@Portugal e achadiça
É o romance. Gostam mais de poesias e similares.
"If you were my little girl
I would find it hard to let you go
If you were my sister
I would find it doubly so
If you were a dog
I'd feed you scraps from off the table
Though my wife complains
If you were my dog
I am sure you'd like it better
Then you'd be my loyal four legged friend
You'd never have to think again
And we could be together till the end"
Cumprimentos
Sr Fulano Tal
Não é só romance... pode ser também um pouco de gastronomia
Comi a Nela tarada
Comi-a com noz moscada
Comi a tarada da Nela
Comi-a toda com canela
Com gengibre e açafrão
Comi-a de pé e no chão
Comi a Nela ciumenta
Comi-a a mesmo com pimenta
Das cuecas aos colarinhos
Empurrei-a com cominhos
Veio-se a Nela vezes mil
Comi-a sempre com caril
Com piri-piri e molho
Comi-a toda até ao olho
Comi a Nela tarada
Comi-a com malagueta
E agora não como mais nada
Vou tocar uma punheta
ESPECIARIAS, João Habitualmente
(com autorização da Riça)
Portuga, no filme Henry & June há uma cena, protagonizada pela Maria de Medeiros e pela Uma Thurman, cuja sensualidade e erotismo não me incomodaram nada. Muito pelo contrário. Tudo depende da abordagem...
auto-criticar-me!!!!!!!!!!!
Mas o que é isto Cristalinda????
Não me digas que é um pleonasmo acabado de inventar por ti.
Bons repenicos, desde que escorreitos
Mais, não foi com minha autorização... foi com muitas reservas. Que fique claro.
Está bem. Foi uma distracção. Já corrigi. Não precisavas de escarrapachar isso aqui. Podias tê-lo feito com alguma discrição, mas não... devem ser frustrações profissionais. :D
Nem a mim. :P
Cumprimentos
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