Começa hoje oficialmente a campanha para o referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez. Já em tempos nos pronunciámos sobre esta matéria (a Achadiça e eu própria), assumindo uma posição favorável ao “sim”.
Para evitar a dispersão dos argumentos e discussões laterais ou acessórias, centremo-nos no espírito da pergunta, que remete para uma questão penal e não, como nos querem fazer crer os apoiantes do “não”, para um veredicto sobre a vida.
A pergunta incide sobre a descriminalização das mulheres que se sujeitam ao aborto. Ponto final.
Votar “não” significa deixar estar tudo como está, isto é, os abortos clandestinos vão continuar a verificar-se, algumas mulheres vão continuar a morrer e outras vão continuar a ver a sua vida devassada e em última instância condenadas, como se fosse legítimo a uma parte da sociedade usar a ferramenta penal para fazer valer sobre a outra parte as suas ideias que, embora respeitáveis, neste caso pertencem à esfera dos valores e da consciência individual e não devem ser impostas sobre coacção.
Votar “sim” deixa espaço de reflexão para as mulheres decidirem em consciência e devidamente auxiliadas pelos agentes de saúde (esta área terá o devido enquadramento regulamentar que não cabe no referendo) sem a pressão e a ignomínia da prisão.
É sobre esta matéria e só sobre ela que recai a pergunta. Tudo o resto é discutível mas não está questionado no teor do texto do referendo.
Admito a extrapolação que a pergunta suscita, mas não posso concordar que aqueles que tão acerrimamente defendem o “não” admitam deixar ficar tudo como está, quando as actuais circunstâncias constituem exactamente o contrário do que defendem. Não estão a defender nem a vida nem a dignidade humana, pois os abortos vão continuar a praticar-se nas piores condições, as mulheres vão continuar a morrer ou a serem arrastadas para os tribunais, os agentes de saúde em vez de ajudarem tornam-se delatores e os juízes e juízas fazem letra morta da lei, circunstância que só prova a insensatez do actual enquadramento legal.
Para bem dessas mulheres espero que dia 11 de Fevereiro os portugueses votem a única opção que lhes devolva a dignidade e o sentido de livre escolha. Que votem “sim” à descriminalização do aborto.
Para evitar a dispersão dos argumentos e discussões laterais ou acessórias, centremo-nos no espírito da pergunta, que remete para uma questão penal e não, como nos querem fazer crer os apoiantes do “não”, para um veredicto sobre a vida.
A pergunta incide sobre a descriminalização das mulheres que se sujeitam ao aborto. Ponto final.
Votar “não” significa deixar estar tudo como está, isto é, os abortos clandestinos vão continuar a verificar-se, algumas mulheres vão continuar a morrer e outras vão continuar a ver a sua vida devassada e em última instância condenadas, como se fosse legítimo a uma parte da sociedade usar a ferramenta penal para fazer valer sobre a outra parte as suas ideias que, embora respeitáveis, neste caso pertencem à esfera dos valores e da consciência individual e não devem ser impostas sobre coacção.
Votar “sim” deixa espaço de reflexão para as mulheres decidirem em consciência e devidamente auxiliadas pelos agentes de saúde (esta área terá o devido enquadramento regulamentar que não cabe no referendo) sem a pressão e a ignomínia da prisão.
É sobre esta matéria e só sobre ela que recai a pergunta. Tudo o resto é discutível mas não está questionado no teor do texto do referendo.
Admito a extrapolação que a pergunta suscita, mas não posso concordar que aqueles que tão acerrimamente defendem o “não” admitam deixar ficar tudo como está, quando as actuais circunstâncias constituem exactamente o contrário do que defendem. Não estão a defender nem a vida nem a dignidade humana, pois os abortos vão continuar a praticar-se nas piores condições, as mulheres vão continuar a morrer ou a serem arrastadas para os tribunais, os agentes de saúde em vez de ajudarem tornam-se delatores e os juízes e juízas fazem letra morta da lei, circunstância que só prova a insensatez do actual enquadramento legal.
Para bem dessas mulheres espero que dia 11 de Fevereiro os portugueses votem a única opção que lhes devolva a dignidade e o sentido de livre escolha. Que votem “sim” à descriminalização do aborto.