terça-feira, fevereiro 13, 2007

Rescaldo do referendo

Não rejubilei com o resultado do referendo. Claro que me agradou verificar que finalmente muitas pessoas compreenderam a injustiça consignada na lei e resolveram votar no sentido de alterá-la. Mas rejubilar não, porque sei que este assunto não se esgota na mesa de voto.
Há muito trabalho a fazer em termos de regulamentação e implementação deste processo: encaminhamento, aconselhamento, financiamento, infra-estruturas, apoio médico, prevenção, educação sexual etc, etc., enfim, todos os elementos indispensáveis à execução da questão que nos foi colocada no referendo.
Conhecendo as dificuldades que o sistema tem para assegurar os cuidados básicos de saúde à população, espero que o governo tenha o cuidado de criar mecanismos rápidos de intervenção e de dotar os estabelecimentos de saúde habilitados para o efeito com os meios físicos e humanos necessários que facilitem o processo e a vida às mulheres. Sem complexos nem complexidades burocráticas e com a discrição e eficácia que a sua intimidade e dignidade merecem.
Inevitavelmente, uma das opções do governo será estabelecer acordos com clínicas que se prestem a este tipo de intervenções. Não tenho nada contra. Mas, também aí, o estado deve ser regulador e interventivo, por forma a assegurar que estes centros não especulem preços que venham a comprometer a viabilidade financeira dos protocolos. Todos sabemos como é que as empresas privadas se comportam quando o estado depende exclusivamente dos seus serviços.
Espero sinceramente que o governo saiba gerir este processo de maneira que as intenções não fiquem só pela letra da lei, à semelhança de muitas normas que enchem o Diário da República.

1 comentário:

Cingab disse...

Concordo!...
Já agora ficava bem que se importassem também com quem precisa retirar pólipos das cordas vocais!...