Existem para aí muitos blogues de divorciados(as). São uma espécie de refúgio, uma forma de ultrapassar a perda através da expiação dos pecados… ou da falta deles, sim, porque também há o caso daqueles que sem culpa alguma se vêm de volta à vida de solteiro(a). E depois escrever faz bem, ocupa o tempo e esclarece, portanto estão desculpados os que recorrem a esta terapia. Mesmo que sobrem disparates, sempre anima a solidão, como é o caso deste texto que por aí encontrei e que me fez sorrir porque curiosamente há nele algo de familiar… dizia às tantas o seguinte:
“Faz hoje dois meses que a Maria me disse fria e decididamente que precisava de ficar sozinha, fez-me a mala e despachou-me para minha casa. Vivíamos na dela. A minha casa era uma espécie de casa de fim-de-semana, onde reuníamos os filhos de ambos. Ao todo éramos cinco, eu, ela, o filho dela e os meus dois. Às vezes éramos mais, o ex-marido dela, a coberto do filho aparecia com frequência, especialmente à hora de comer. O rapaz é assim, oportunista mas inofensivo. Agora a casa é demasiado grande, os meus filhos vivem com a mãe, só cá vêm de quinze em quinze dias, logo vejo-me perdido na minha própria casa. Vamos ver se me habituo.
Ainda ando à procura de um nome para este espaço, onde pretendo gastar o tempo que agora me sobra. Não sou propriamente um divorciado, pelo menos com a carga formal que o epíteto carrega. Não casei, nem com a mãe dos meus filhos nem com a Maria, logo não posso divorciar-me, mas dez anos a viver com alguém dão-me o direito de me considerar como tal, afinal o problema não é uma questão de nomenclatura, é mesmo um problema de ruptura, da distância que vai de uma relação a dois a esta solidão que agora me morde.
Tenho os pés gelados e não comi nada durante todo o dia. Ontem fiz sopa de cenoura e alho francês, acho que ficou boa, se calhar vou cozer uma posta de bacalhau, umas batatitas e pronto… vá lá, hoje dá o Benfica, sempre são duas horitas sem pensar nela.”
Fiquei ali, a imaginar o rapaz por detrás da página, quase com vontade de lhe ir aquecer a sopa. Mas de repente olho para a caixa de comentários e qual não é o meus espanto quando verifico que só naquele post já contava com 98 comentários. Não resisti, fui ler. Perdi logo a generosidade que me ocorreu, candidatas ao fogão e a outros aquecimentos era coisa que por ali não faltava. Fiquei a pensar, é lá, isto de um gajo se lamentar dá os seus frutos, só aqui no Mulherio a divorciada é que não tem direito a nada. Portanto, meus amigos, a partir de agora vai ser um choradinho de fazer inveja à carpideira mais profissional. Se não resultar retorno ao silêncio, de onde, provavelmente nunca devia ter saído. Venham daí esses grelhados que é a única coisa quente que os homens sabem fazer.
“Faz hoje dois meses que a Maria me disse fria e decididamente que precisava de ficar sozinha, fez-me a mala e despachou-me para minha casa. Vivíamos na dela. A minha casa era uma espécie de casa de fim-de-semana, onde reuníamos os filhos de ambos. Ao todo éramos cinco, eu, ela, o filho dela e os meus dois. Às vezes éramos mais, o ex-marido dela, a coberto do filho aparecia com frequência, especialmente à hora de comer. O rapaz é assim, oportunista mas inofensivo. Agora a casa é demasiado grande, os meus filhos vivem com a mãe, só cá vêm de quinze em quinze dias, logo vejo-me perdido na minha própria casa. Vamos ver se me habituo.
Ainda ando à procura de um nome para este espaço, onde pretendo gastar o tempo que agora me sobra. Não sou propriamente um divorciado, pelo menos com a carga formal que o epíteto carrega. Não casei, nem com a mãe dos meus filhos nem com a Maria, logo não posso divorciar-me, mas dez anos a viver com alguém dão-me o direito de me considerar como tal, afinal o problema não é uma questão de nomenclatura, é mesmo um problema de ruptura, da distância que vai de uma relação a dois a esta solidão que agora me morde.
Tenho os pés gelados e não comi nada durante todo o dia. Ontem fiz sopa de cenoura e alho francês, acho que ficou boa, se calhar vou cozer uma posta de bacalhau, umas batatitas e pronto… vá lá, hoje dá o Benfica, sempre são duas horitas sem pensar nela.”
Fiquei ali, a imaginar o rapaz por detrás da página, quase com vontade de lhe ir aquecer a sopa. Mas de repente olho para a caixa de comentários e qual não é o meus espanto quando verifico que só naquele post já contava com 98 comentários. Não resisti, fui ler. Perdi logo a generosidade que me ocorreu, candidatas ao fogão e a outros aquecimentos era coisa que por ali não faltava. Fiquei a pensar, é lá, isto de um gajo se lamentar dá os seus frutos, só aqui no Mulherio a divorciada é que não tem direito a nada. Portanto, meus amigos, a partir de agora vai ser um choradinho de fazer inveja à carpideira mais profissional. Se não resultar retorno ao silêncio, de onde, provavelmente nunca devia ter saído. Venham daí esses grelhados que é a única coisa quente que os homens sabem fazer.
11 comentários:
ai essas generalizações!...
Os homens?... todos os homens?... Ou só os divorciados?
não há refeição que eu não consiga fazer... E outros do meu circulo de amigos!...
generalizações perspectivam algum preconceito...
:P
Tem toda a razão Cingab, venham daí essas receitas e se não for pedir muito um jantarinho a preceito, como diz ser capaz. Mas olhe que a ideia era metafórica, anda-me a apetecer passar pelas brasas... assim tipo pró passadinho
Agora passo por "Canas" raras vezes, mas não resisto à paragem.
Então grelhados é a única coisa quente que os homens sabem fazer?.
Essa ideia vai contra todos os princípios da física ... ou será que para esse lado o atrito não aquece os corpos?
Passadinha não é má, mas picada é mais saborosa ...
Após um mês de inactividade apetece-te passar pelas brasas!!! isto assim vao longe lol
Feijoada com ameijoas!
Num tacho raso coloca-se tomate, azeite (óleo para quem preferir), alho em pó, piripíri, sal, pimentão, vinagre e cebola ás rodelas (quem preferir cebola picada). Depois da cebola alourada junta-se linguiça às rodelas, miolo de camarão, miolo de ameijoas, fatias enroladas de fiambre, e queijo de barra em fatias... Tudo isto em lume brando e sem mexer até que o queijo se derreta. Coloca-se então o feijão, com alguma água, já pré cozido até esta começar a ferver, altura em que se põe alguma massa riscada, ou outra que preferirem (pode ser também com arroz), ter atenção à qualidade de água para poder ficar com molho
Num tacho à parte fervem-se ameijoas japonesas apenas com sal, piriri, e alho. Depois de abertas (as ameijoas) escorrer bem a água e retirar as (as ameijoas) que não abriram.
Serve-se com uma salada de couve roxa (ou alface)
Chlép chlép, lá se vai a dieta...só não percebi aquela da qualidade da água, será Luso, Caramulo, Fastio, qual será a mais apropriada? :)
Depois direi se a receita ficou aprovada. Aceitam-se mais sugestões.
Não era mau passar pelas brasas ... pelo menos, por mim, avivavam ...
Queridas primas,
O vosso blog tá o máximo. Estou a ver que tenho que ir à Beira Alta cozinhar p´rás meninas. Pode ser?
Façam-me uma visita, tá bem?
O vosso primo do Algarve
Querido primo, espero que não invoque a figura familiar para aproximações mundanas e opções gastronómicas suspeitas. Seja então bem vindo desde que não traga os vícios pedantes daquele outro primo queirosiano, que as primas aqui são serranas, gostam de amar na palha e comer morcela com trepos ;)
Se quiser variar a dieta beirã, experimente um Xarém Algarvio:
http://empresaportuguesa.blogspot.com
O Basílio não faz miuto o meu género. Sou mais Camiliano, mas obrigado pela sua nota e pelas boas vindas. Faça-me uma visita, um destes dias!
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